
O congelamento de bens coloca o Hezbollah automaticamente no registro argentino, designando-o como uma organização terrorista, confirmou uma fonte do governo com conhecimento direto da ação. Autoridades dos Estados Unidos e da Argentina dizem que o Hezbollah opera na chamada Tríplice Fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai, onde uma economia ilícita financia suas operações em outras partes. Na manhã de quinta-feira, sirenes ecoaram pelas ruas de Buenos Aires em homenagem aos 85 mortos do pior ataque terrorista no país. A Argentina é a única nação latina onde ocorreu um ataque antissemita. O país responsabiliza autoridades iranianas por planejar o ataque, e o Hezbollah por executá-lo. Mas, ninguém foi condenado após anos de investigações tumultuadas. Uma caminhoneta carregada de explosivos atingiu o edifício onde funcionavam a AMIA e a Delegação das Associações Israelitas Argentinas (Daia), em 18 de julho de 1994. Um memorando de entendimento com o Irã assinado em 2012 pela ex-presidente peronista populista muito incompetente e muito corrupta Cristina Kirchner (2007-2015) buscou, segundo seus autores, superar esse entrave, mas nunca foi aplicado e agora é investigado judicialmente como um caso de encobrimento e traição. Outro julgamento contra a alegada “conexão local” que forneceu a logística para o ataque foi cancelado, quando foi verificado que o juiz responsável pagou a um dos envolvidos para acusar falsamente um grupo de policiais e liberar o primeiro acusado.
Com isso, foi deixada de lado a investigação da chamada “pista síria”, que ligava o ataque a famílias próximas ao ex-presidente Carlos Menem (1989-99). Por essa operação, o ex-juiz Juan José Galeano foi condenado a seis anos de prisão em 28 de fevereiro por desvio da investigação. Menem foi absolvido, mas seu ex-chefe de inteligência, Hugo Anzorreguy, foi sentenciado a quatro anos de detenção. As organizações de parentes das vítimas eram demandantes e denunciavam o acobertamento.
Antes de assumir a presidência em 1989, Menem havia oferecido a países árabes que colaboraram no financiamento de sua campanha a venda de tecnologia militar e insumos nucleares ao Irã, o que não cumpriu após se alinhar aos Estados Unidos na política externa. Entre outras hipóteses, suspeita-se que o ataque poderia ser uma vingança por esses compromissos não cumpridos. O Irã se recusou a entregar os investigados, além de negar envolvimento no caso. As homenagens de quinta começaram com um momento de silêncio, seguido pela leitura dos nomes de cada uma das 85 vítimas fatais. “Como é possível que 25 anos depois, ainda não haja uma única pessoa responsável presa por esse crime contra a humanidade?” – questionou Ariel Eichbaum, presidente da Amia: “Nós continuamos a ter perguntas para as quais ainda não há respostas. Vinte e cinco anos passaram e a ferida permanece aberta, uma ferida que não pode ser fechada sem justiça”.
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